terça-feira, 10 de março de 2020

Fanzine Os meninos da Rua Albatroz #01

Faremos uma série de postagens no formato fanzine. Utilizaremos o baú do autor para compor as matérias. Segue o primeiro exemplar.

QUADRINHOS AUTORAL

Em 1994, para participar de um concurso de tiras o autor se inspirou em seu pai para criar uma personagem de acordo com o tema do concurso. Segue a primeira e a segunda tira enviadas.


– Ê, DIACHO! PROCURO MINHA ENXADA... NÃO ACHO!
– PROCURO MINHA PÁ... NÃO ACHO!
– PROCURO MEU PÉ-DE-CABRA... NÃO ACHO!
– DEPOIS QUE ESSES MENINOS PERDERAM O RESPEITO, SUMIU TUDO NESSA CASA!
– RÁA! DELES ESTÁ TUDO AÍ!
– VOU DAR UM JEITO NESSA PANELINHA!
– BOM, LÉO, TE DEVOLVO ASSIM QUE EU ACABAR!
– TUDO BEM! NÃO SE PREOCUPE!

DICIONÁRIO DOS ANOS 70:
PEGADOR DE VAQUINHA

Só porque você é muito forte não quer dizer que você tem que deixar os sujeitos mais fracos que você fazer hora com a sua cara. Quer dizer? Pior ainda é quando o fracote é bem fracote mesmo, pois, ele te irrita, te tira do sério e sem alternativa você dá uma bifa nele. Aí vem os outros falarem pra você: “pegando vaquinha, né”, “bate em alguém do seu tamanho que eu quero ver”.

Pegador de vaquinha era o vulgo covarde. O cara que metia as caras era com quem ele tinha certeza que se daria bem num bota-pra-quebrar. No futebol, ele esperava vir nele aqueles que ele sabia que conseguia dribá-los. Só levava a bola pro lado deles e aparecia pra galera em cima deles. Estava sempre a ouvir: “seu pegador de vaquinha, comigo você não faz isso”. E não fazia mesmo, pois, o pegador de vaquinha jamais tentava passar por quem ele sabia que se daria mal. Ele tocava era a bola pro lado ou pra trás.

O termo não é nacional como é “fazer uma vaquinha”. Provavelmente a origem tem a ver com vaqueiros covardes, que fugiam de montar os touros mais enervados.

E assim preenchemos nosso vocabulário dos anos 70 com mais um termo. Vai treinando, pois, a máquina do tempo está quase pronta e você vai precisar estar falando fluentemente os jargões do nosso dialeto nostálgico pra se comunicar com os sujeitos que encontrar no lugar... digo: na época.


INTERATIVIDADE

Se interessa em escrever nos comentários os objetos que você identifica na imagem abaixo?



CORRA, O RAMIRO DA CARTUCHEIRA VEM AÍ!

A provável ficha do provável fascínora

Não tinha para o homem do saco, para o lobo mau e nem para o bicho-papão se as mães daqueles idos de 1974 e mediações quisessem colocar os meninos "pra dentro". Era só mencionar o temido nome do fascínora malcheiroso de Jaboticatubas, serial killer exterminador de famílias que matava, sem piedade, suas vítimas com uma cartucheira - exceto as vítimas de estupro, que morriam a pauladas.

Ramiro foi considerado uma lenda. Por ter ele uma marca registrada, abates à cartucheira, muitos crimes ocorridos na época foram relacionados a ele. Porém, logo que desvendados, foram desmentidas as acusações. Seus ataques que tiveram comprovação se deram no interior de Minas, de São Paulo e em Goiânia, Goiás.

O ladrão assassino teria chegado a ser preso e julgado. Taxado como louco, mas impedido de ser internado em um hospital psiquiátrico devido a uma ameaça dele próprio de matar os loucos que houvessem por lá. Em sua sentença, conta-se que o bandido teria dito, com seu português ruim, o que seria "somando tudo deve de dar uns 135 anos, vou pagar alguns o restante vocês pagam pra mim". Ramiro foi encontrado morto em sua cela em 1981, cuja causa foi justificada como ataque cardíaco.

O livro "Os meninos da Rua Albatroz" começa com a fuga de um meliante de ser capturado por homens do DOPS, qual meliante é confundido com o bandido da cartucheira. Ele vai se esconder dentro do lote onde morava a família protagonista da história. Se inicia assim, também, a parte policial do livro. Adquira o livro!

VOCÊ TEVE DISSO:


Era comum demais nas copas das casas nos anos 1970. Lá pro finalzinho da década. Armário de compensado metalizado, com repartição fechada com vidro. Um must! Nele se guardava xícaras, copos de vidro, talheres, pratos de louça e de vidro, pirex, latas de mantimentos cheias. Se colocava as contas a pagar. E não há quem não deu com a cara nas portas do alto quando se entrava de sopetão na copa e alguém como de praxe as esqueciam abertas.


SALVE LINDA CANÇÃO DA ESPERANÇA

Finalizando com música, também tirando das referências feitas no livro "Os meninos da Rua Albatroz", eis a linda canção "Salve linda canção da esperança", do saudoso carioca Luís Melodia, sucesso nas rádios AM de 1974, data que inicia a história contada no livro.

Nenhum comentário: