sábado, 21 de setembro de 2019

Minhas lembranças mais remotas

"'Nenhum de nós se lembra de algo anterior aos 2 ou 3 anos de idade. A maioria não se recorda de nada que ocorreu antes dos 4 ou 5', diz Catherine Loveday, da Universidade de Westminster, no Reino Unido."
Trecho de matéria sobre Amnésia infantil, publicado pela BBC em https://www.bbc.com/portuguese/geral-39477636.

Minha mãe me contou que eu quebrei um dos braços aos dois anos de idade. Eu tenho uma leve lembrança de uma corrida noturna de meus pais, com minha mãe me conduzindo no colo dela, buscando levar-me para um hospital. Pode não ser essa a vez me contada, mas, se for, estou entre as poucas pessoas que saem do padrão quando o assunto é lembrar de fatos anteriores aos três anos de idade.

Quais são as suas mais remotas lembranças? Veja abaixo a minha lista.

1) O meu velocipede, com a carinha do Mickey em algum lugar, o da minha irmã mais velha, que era grande, e o do meu irmão, cujo banco parecia ser de madeira.


2) Entrar na Rural de um amigo de meus pais e no caminhão do padrinho do meu irmão. Passear de carro era para poucos.



3) Eu e minha irmã mais velha indo de ônibus para o jardim de infância, que se chamava Peter Pan, e também brincando nos aposentos da escola. Quem nos levava era uma das nossas primas por parte de mãe, que sempre iam trabalhar lá em casa.



4) Uma das primas fazendo a tarefa dela. Lavando roupa, colocando roupa no varal, cozinhando, pondo nós, as crianças, pra tomar banho.

5) Um domingo de castração de porco. Era um evento e tinha almoço pra muitos participantes lá em casa.

6) Minha mãe fazendo peteca com folha de bananeira pra eu e meus irmãos brincarmos e deixarmos ela fazer as tarefas de casa.


7) A mesinha minúscula com 4 cadeiras para eu e meus três irmãos na época sentarmos para fazer refeição. A gente tinha cada um seu prato verde malhado de ferro e seu copo de plástico com canudinho. Meninos de azul e meninas de rosa.



8) O viralata Ted, cachorro do meu primo-irmão. Ele era um cachorro preto bem grande. E bem pulguento.



9) A chegada do aparelho televisor de pés palito das minhas tias paternas. Chegou para elas em uma caixa de madeira. Eu e meu irmão pegamos o caixote pra brincar dentro dele junto com o Ted e nos enchemos de pulga.



10) LPs da CBS do Roberto Carlos e outros da Philco sendo tocado em vitrolas em dia de domingo no quintal da casa de meus pais.



11) A música "Maria Izabel" com Os Carbonos.


12) Uma excursão que meu primo-irmão e os amigos dele prepararam para passar o dia em uma cidade mineira chamada Pequi, onde há uma cachoeira com um escorregador natural bem alto.



13) Topo Gigio cantando "Meu limão, meu limoeiro" na TV na noite anterior à excursão, com minha mãe insistindo pra eu ir dormir por causa da viagem.


14) A réplica do Cristo Redentor que existe no caminho para a cidade. Era madrugada, eu acordado no ônibus, vendo aquela imagem acesa no ar - porque não dava para ver a área da serra - e tentando compreender se ela estaria voando.



15) Estar a ver um episódio do Oitavo Homem, parece que na Globo, que era TV Belo Horizonte na época, na noite da chegada da mesma excursão.


16) Aviões com faixa publicitária na popa sobrevoando os céus do bairro.




Fuçando a gente encontra na internet exatamente o que procuramos ou similares bem parecidos. E aí, não só uma viagem no tempo acontece, mas, ao tocarmos mentalmente no passado, experimentamos novamente as mesmas sensações vividas. Logo, a internet é um elixir de rejuvenescimento.

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