Se vivemos em um meio urbano, dominado pela tecnologia e sofrendo incentivo para cada vez mais buscarmos inovação e cultuarmos o moderno, não se justificaria tomarmos atitudes, como resgatar memórias e sentir nostalgia, que vão de encontro a esse conceito de fazer do presente uma máquina de produzir futuros somente.
Alguns estudiosos cogitam ser a saudade um sentimento ruim, uma vez que: "A saudade é um sentimento de lembrança nostálgica de pessoas, animais, coisas ou situações distantes de nós ou extintas, associada ao desejo de tornar a vê-las ou possuí-las, misturando-se nele as sensações de distância, perda, falta e amor". Fonte desse trecho: Lifestyle.
Em outras palavras, seria uma procura impossível. E a impossibilidade de obter algo traz uma incontinente sensação de impotência. Faz sentido dizerem que cultuar a saudade não seja muito bom.
Por outro lado, quando sentimos nostalgia - que é um flash de resgate de memória, que traz, quase que materialmente, coisas do passado de maneira impressionante à nossa experiência real - pende para o positivo nessa questão. Exemplo: Se está no banho, se joga um xampu na cabeça e o cheiro transporta automaticamente a mente para o tempo em que o tal cheiro era presente na hora do banho.
Quanto mais associação ao tempo resgatado, maior é a vivacidade do fenômeno e maior a duração do mesmo. No exemplo dado, o banho ocorreria na hora exata em que era tomado no tempo a ser resgatado com o cheiro do xampú; a onda sonora de uma música da época pairando pelos ares da casa, podendo ser ouvida do banheiro, se ouviria.
No filme "Em algum lugar do passado" (Somewhere in Time), Estados Unidos, 1981, com Christopher Reeve fazendo o papel principal, o protagonista da história, Richard Collier "é um jovem teatrólogo que conhece na noite de estreia da sua primeira peça uma senhora idosa, que lhe dá um antigo relógio de bolso e diz: "volte para mim". Ela se retira sem mais dizer, deixando-o intrigado. Chicago, 1980. Richard não consegue terminar sua nova peça, decide viajar sem destino certo e se hospeda no Grand Hotel. Lá visita o Salão Histórico, repleto de antiguidades, e fica encantado com a fotografia de uma bela mulher, Elise McKenna (Jane Seymour), que descobre ser a mesma que lhe deu o relógio". Esta sinopse é do site Adoro Cinema.
Nisso, o jovem vai em busca de informações sobre como transportar-se para o passado. Sua intenção era encontrar com Elise. Ele se vale de um método pregado por espíritas e, obviamente, a viagem que faz é puramente mental. Para tanto, ele impressiona sua mente com objetos da época que irá visitar, que comprou para decorar seu quarto, e ao adormecer ele entra no que só podemos chamar de sonho, no qual vive a experiência desejada.
Técnicas de indução de sonhos e impressionamento da mente para atingir o estado de gnose e fazer pedidos para serem realizados no presente são assuntos do livro "A magia que enriqueceu Tony", nesta postagem não cabe tecer sobre isso. Nossa dissertação é sobre a saudade e a saúde. Limito, então, a dizer que sempre que experimentamos nostalgia, o organismo se acomete de bem-estar. E bem-estar é a mola-mestra da saúde.
Estamos no presente quando produzimos a história que será relembrada. Estamos no presente quando a resgatamos na memória. A mente é quem observa a realidade física atual e é quem presencia a realidade mental, que é atemporal. Logo, só o presente existe. E foco no presente é o segredo da vida feliz.
O que difere é a forma de gozar da sensação provocada pelo resgate. Se for as da saudade, pode ser mesmo que não seja a melhor forma de usufruir da lembrança. As da nostalgia são imperdíveis.
No estilo de vida que discorremos a respeito aqui neste projeto, qualquer motor de bem-estar é levado em conta para compor as atividades cotidianas da comunidade. Nas próximas postagens voltaremos a falar sobre o assunto.
O livro "Os meninos da Rua Albatroz" é uma usina de nostalgia. À cada página virada ocorre um flash que remete, mesmo quem não viveu a época destacada no livro, a vivenciar momentos prazerosos dados pela informação sobre o passado.
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